quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Événement


Escorrendo o líquido por entre os dedos, deixe-se queimar e arder num sorriso longo e cheio de som. Espere que o tempo mude seu ponteiro e afogue-se em suas artemanhas. Encontre o momento certo e respire o futuro. Exija mais de si mesmo, quando chegar no fundo de seu mergulho. Enriqueça seus pulmões num voo alto e pleno... abrace! E quando achar que tudo está terminado... Enlouqueça!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Roda


Ninguém me ensinou como viver, e ainda assim, teimosa que sou, vou vivendo. De certo modo, tem dado certo, por fim, ainda não morri.

E quando morrer terei antes, vivido de dor. Dor de amor, dor de dente, dor de cotovelo. Mas não de fome. Porque de fome só se morre uma vez. Morrer mesmo é para se fazer aos pouquinhos... Como num conta-gotas. E dessa fome, meu caro, dessa fome eu quero sempre beliscar algo mais.

Fome de sol e praia, fome de sorrisos, fome de amizades e segredos trocados. Tenho sempre fome de tudo, mas não morro.

E para beber, as gotículas dos nossos dias, degusto com prazer, as dificuldades, os temores, e as variações coloridas que as nuvens fazem no céu. Como é bom beber assim.

Talvez eu aprenda, lá adiante, como é que se vive de verdade. Embora, haja tantas verdades em um só corpo, e grandes universos, em cada pensamento. Mas dessa forma, eu tenho certeza, de que minhas dúvidas, serão sempre dúvidas. Por mais que você pense em respondê-las. Ainda não lhes perguntei, quem mandou pintar o arco-íris com aquelas cores.

Eu teria pintado tudo de vermelho. Com linhas amarelas, outras verdes e uma azul, só pra lembrar que também existe o azul. No final, o lilás daria outro tom, um tom mais casual. Mas não como está. Esta tudo já pintado... Duvidas?

Sobre as crianças, nada tenho a dizer. A não ser que, o nada, é exatamente o real significado das crianças. Nada de mal, nada de bom também. Porque cada criança é o barro que o adulto molda, da forma como ele sempre quis ser, e não foi. Também nunca será. Então, criança não é nada. É tudo.

No final, quando de verdade eu descansar, saberei das verdades dos outros. Dos seus pensamentos que sempre mudam, e de como vemos as fases da lua. Não que a Lua brilhe diferente entre os homens, mas somente por que, cada um a vê de seu ângulo, de sua retina. Mas tudo isso é bobagem! Bonito mesmo é pensar no mar.

O mar ferve calado, e se cala na revolta. Com suas ondas que dançam em nossas praias, o mar vem calmo e nos puxa pelos pés, como uma rasteira sutil, em quem nunca espera a queda. E assim, caímos no mar, louco que somos, rimos e queremos sempre mais.

Se alguém tivesse mesmo me dito antes como viver, eu faria tudo do meu jeito, e ainda assim, estaria errado, e estaria certo também. Vamos experimentar!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

1983


A cabeça gira como roda gigante. Talvez fosse o vinho, mas sei que nesta hora é só saudade. Queima no peito como bala (perdida). preciso de ar.
Naquela tarde, enquanto olhava o mar, lembrei de nossos passos na areia, e de tudo o que você me ensinou. Da criança trazida pelas mãos. pequenas, delicadas... Mãos de criança.
Você deixou-se acreditar que a verdade era a rotina. Ela te engoliu. Absorveu como espuma na areia. Então esqueceu das ondas. Que tudo passa, e as pedras continuam firmes após a ressaca.
Talvez tenha sido seu erro; acreditar. E o que seria de nós, se você não acreditasse? Respiro... Outra taça de vinho.
Agora é a vez do cigarro. Amigo calado que some entre os dedos, e a sinuosa fumaça. No vidro escuro vejo estrelas que não brilham. Estou caindo então,não sinto meus pés! O que me rasga a garganta é o vazio do grito.
Essa nostalgia que percorre o fim do verão, é típica. Prefiro o inverno. Outono ou primavera, mas verão... O verão é sempre triste, por que acaba.
Quando a noite acontece, tudo parece agradecer, por você se esquecer que também vai morrer. De frio, de fome, de dor. Agora poderá me dizer como foi lá... No alto do mundo.
Sabe, queria ter uma aquarela, para pintar esta dor. Teria pincel fino e uma tela pequena. Com tinta vermelha, desenhava seu sorriso, e com faca, traçava no quadrado esta labuta que é viver.
Vou embora qualquer dia. Mas por favor, não te esqueças de mim. Não te esqueças do mar, e apenas viva o verão.